Os morcegos se destacam no mundo animal. Eles são os únicos mamíferos capazes de voar e passam grande parte da vida pendurados de cabeça para baixo. A maioria das espécies só é ativa à noite, ao amanhecer e ao anoitecer, e passa o dia em cavernas escuras. Muitos morcegos desenvolveram adaptações que os ajudam a encontrar o caminho (e a presa) em total escuridão. Além disso, os morcegos são famosos por sugarem sangue, mas na verdade apenas algumas espécies se alimentam desse modo.
Foto cedida Georgia Museum of Natural History
O Lasiurus seminolus é uma das muitas espécies de morcegos naturais
dos Estados Unidos Os morcegos Lasiurus seminolus vivem
nas florestas, onde caçam moscas, besouros e grilos, entre outros
insetos. entre outros insetos.
Em culturas do mundo todo, essas qualidades peculiares invadem a imaginação dos narradores de histórias e de seu público, que atribuem qualidades sobrenaturais e misteriosas aos animais. Infelizmente, essas histórias dão aos morcegos uma reputação ruim e notória, embora a maioria das espécies seja inofensiva. Neste artigo, vamos separar a realidade do mito e ver como os morcegos fazem tantas coisas surpreendentes. Além disso, analisaremos as muitas maneiras que os morcegos ajudam o homem, e descobriremos o que pode acontecer se esses animais não forem preservados.
Camundongo voador?
A palavra em alemão para morcegos é Flederme, cuja tradução é “camundongos voadores”. É fácil ver a origem desse nome – muitas espécies de morcegos se parecem muito com roedores voadores. Mas, na verdade, os morcegos estão mais próximos dos humanos do que de camundongos e ratos. Se olharmos suas asas atentamente, podemos ver a semelhança.
Os cientistas acreditam que os morcegos evoluíram de um mamífero não voador que vivia, sobretudo, em árvores, há cerca de cem milhões de anos. Como um lêmure ou esquilo, esse animal saltava de galho em galho. Alguns indivíduos dessa espécie nasceram com mais pele entre os braços e o corpo, que lhes dava um pouco mais de sustentação enquanto saltavam no ar (alguns lêmures e esquilos modernos desenvolveram esse mesmo tipo de fisiologia). Os morcegos com essa mutação tinham mobilidade um pouco maior do que os outros da espécie e, por isso, tiveram maior probabilidade de crescer e reproduzir. Assim, a seleção para membranas mais largas com o decorrer do tempo acabou resultando em asas completamente funcionais.A ilustração acima mostra a estrutura óssea na asa de um morcego, na de uma ave e no braço humano. A asa da ave tem uma estrutura óssea razoavelmente rígida, e os principais músculos responsáveis pelo vôo movimentam os ossos no ponto em que a asa se liga ao corpo. O morcego tem uma estrutura de asas muito mais flexível. É muito mais parecida ao braço e à mão humana, exceto pela fina membrana de pele (denominada patágio) que se estende entre a “mão” e o corpo, e entre cada osso dos dedos. Os morcegos conseguem movimentar a asa como se fosse a mão, como se “nadassem” no ar. O “polegar” se estende para fora da asa como uma pequena garra, que eles usam para escalar árvores e outras estruturas. Isso os ajuda a atingirem um “ponto de partida” elevado para a decolagem do vôo. Apropriadamente, a ordem dos morcegos é denominada quiróptera, cujo significado em grego é “mão alar”.
A asa rígida da ave é mais eficaz na sustentação, mas a asa flexível do morcego permite maior navegabilidade. Os morcegos podem posicionar as asas de várias formas, mudando rapidamente o grau e a direção da sustentação. Isso lhes permite mergulhar e girar no ar como nenhum outro animal, além de lhes dar uma vantagem distinta ao caçar suas presas.
Foto cedida Heurisko Ltd
Uma das menores espécies de morcego é o morcego de cauda
longa da Nova Zelândia. Esses morcegos, que pesam apenas 8 a
11 gramas, podem usar a cauda como bolsa para transportar
ao ninho insetos capturados.
Há mais de 1.000 espécies de morcegos no mundo, e aproximadamente 140 no Brasil. Esse fato os classifica como uma das ordens de mamíferos mais predominantes. Na verdade, mais de um quarto do número total de espécies mamíferas são espécies de morcegos. As espécies de morcegos se dividem em duas subordens:
- megachiroptera (também denominados raposas voadoras ou morcegos frutívoros) – esses morcegos, encontrados sobretudo na África, Ásia e Austrália, são caracterizados por um focinho comprido. A maioria das espécies de megachiropteros é vegetariana e se alimenta de frutos e pólen;
- microchiroptera – esses morcegos costumam ser menores do que os megaquirópteros, e a maioria tem focinho semelhante ao de um cão pequinês. Esses morcegos, encontrados no mundo todo, são carnívoros. A maioria se alimenta de insetos.
Ver com som
Os morcegos variam consideravelmente de tamanho e aparência. O menor morcego do mundo, Craseonycteris thonglongai, tem envergadura de 15cm, ao passo que o maior, a raposa voadora da Malásia, pode ter uma envergadura de 1,8m. Além das asas com aparência de couro, os morcegos megachiropteros se parecem muito com outros mamíferos, com olhos grandes, orelhas pequenas e focinhos compridos. A maioria das espécies de morcegos microchiropteros, por outro lado, tem uma aparência facial singular, com orelhas largas e protraídas e narinas com forma peculiar. Essas características especiais ajudam os morcegos a se movimentarem no escuro, como veremos na próxima seção.
Na seção anterior, vimos que a estrutura alar singular dos morcegos lhes dá grande navegabilidade no vôo. Isso é fundamental para a sobrevivência do morcego, pois suas presas principais são insetos pequenos e ágeis. A tarefa de caçar fica ainda mais difícil, porque eles só são ativos à noite, ao amanhecer e ao escurecer. Os morcegos se adaptaram a esse estilo de vida para evitar os predadores alados ferozes que são ativos durante o dia, e também têm a vantagem da abundância de espécies de insetos que são ativos à noite.
O processo que faz isso acontecer é muito simples. Produzimos o som quando o ar que expelimos dos pulmões faz vibrar as cordas vocais. Essas vibrações causam flutuações no ar expelido e formam uma onda sonora. Uma onda sonora é apenas um padrão em movimento de flutuações na pressão do ar. A pressão variável do ar empurra as partículas circundantes e depois as puxa de volta. Essas partículas, então, empurram e puxam as partículas adjacentes a elas, transmitindo a energia e o padrão do som. Assim, o som pode percorrer longas distâncias pelo ar. A altura e o tom do som são determinados pela freqüência das flutuações da pressão do ar, que são determinadas pelo modo como movemos as cordas vocais.Para ajudar a encontrar sua presa no escuro, a maioria das espécies de morcegos desenvolveu um notável sistema de navegação denominado ecolocalização (ou ecolocação). Para entender como funciona a ecolocalização, imagine um “desfiladeiro de ecos”. Se ficarmos em pé na borda de um desfiladeiro e gritarmos “olá”, ouviremos o eco de nossa voz um instante depois.
Quando gritamos, produzimos uma onda sonora que viaja através do desfiladeiro. A parede de rocha do lado oposto do desfiladeiro reflete a energia da pressão do ar da onda sonora de modo que ela começa a se deslocar na direção oposta, ao nosso encontro. Em uma região onde a pressão atmosférica e a composição do ar são constantes, as ondas sonoras sempre se deslocam em velocidade constante. Se soubéssemos a velocidade do som na região e tivéssemos um cronômetro preciso, poderíamos usar o som para determinar a distância de um lado ao outro do desfiladeiro.
Digamos que você está ao nível do mar e o ar é relativamente seco. Nessas condições, as ondas sonoras se deslocam a 1.193km/h, ou 0,32km/s. Para calcular a distância entre os dois lados do desfiladeiro, basta cronometrar o tempo decorrido entre o momento em que começamos a gritar e o momento em que ouvimos o eco de nossa voz pela primeira vez. Digamos que demorou exatamente 3 segundos. Se a onda sonora estivesse se deslocando a 0,32km por segundo durante 3 segundos, ela percorreria 0,97km. Essa é a distância do percurso total, ida e volta, de um lado ao outro do desfiladeiro. Ao dividirmos o total por dois, temos 0,48km como a distância de ida (ou de volta).
Esse é o princípio básico da ecolocalização. Os morcegos produzem sons como nós, por meio do deslocamento de ar que faz as cordas vocais vibrarem. Alguns emitem sons com a boca, que eles mantêm aberta durante o vôo. Outros emitem sons pelas narinas. Ainda não se sabe exatamente como funciona a produção do som nos morcegos, mas os cientistas acreditam que a estranha estrutura nasal encontrada em alguns deles serve para direcionar o barulho e localizar com maior exatidão os insetos e outras presas.
No caso da maioria dos morcegos, o som da ecolocalização tem um tom altíssimo – tão alto que vai além da capacidade auditiva humana. Mas esse som se comporta do mesmo modo que o som de nosso grito. Ele viaja pelo ar como uma onda, e a energia dessa onda vai de encontro a qualquer objeto que encontrar pelo caminho. O morcego emite uma onda sonora e ouve atentamente os ecos que chegam até ele. O cérebro do morcego processa as informações recebidas do mesmo modo que processamos o som de nosso grito, com um cronômetro e calculadora. Ao determinar o tempo que leva para o som retornar, o cérebro do morcego calcula a que distância está o objeto.
Além disso, o morcego determina onde o objeto está, seu tamanho e em que direção ele está se movendo. O morcego sabe se o inseto está à direita ou à esquerda ao comparar se o som chega ao seu ouvido direito ou esquerdo. Se o eco chegar primeiro ao ouvido direito, obviamente o inseto está à direita. Os ouvidos do morcego contam com um conjunto complexo de dobras que o ajudam a definir a posição vertical do inseto. Ecos que vêm de baixo chegam às dobras do ouvido externo em um ponto distinto daquele dos sons que vêm de cima, e serão percebidos de outro modo quando chegarem ao ouvido interno do morcego.
O morcego processa todas essas informações inconscientemente, do mesmo modo que processamos as informações visuais e auditivas que captamos. O morcego forma uma imagem de ecolocalização em sua mente, semelhante à imagem que formamos na nossa de acordo com as informações visuais que recebemos. Além disso, os morcegos processam informações visuais – contrário à crença popular, a maioria dos morcegos tem ótima visão. Eles usam a ecolocalização em conjunto com a visão, não para substituí-la.O morcego baseia-se na intensidade do eco para saber o tamanho do inseto. Um objeto menor reflete menos energia da onda sonora e, assim, produz um eco menos intenso. De acordo com o tom do eco, o morcego pode perceber em que direção o inseto se move. Se o inseto se afasta dele, o eco terá um tom mais baixo do que o som original, ao passo que o eco de um inseto que se move em direção ao morcego tem um tom mais alto. Essa diferença é causada pelo efeito Doppler.
Para a caverna do morcego
Nas duas últimas seções, vimos as adaptações que ajudam os morcegos a se movimentarem, caçando insetos a noite toda. Na outra metade do dia, enquanto o sol brilha no céu, os morcegos levam uma outra vida. Eles passam o tempo pendurados de cabeça para baixo em um local escondido, por exemplo, o teto de uma caverna, a parte inferior de uma ponte ou o interior de uma árvore oca.
Há alguns motivos para os morcegos descansarem assim. Primeiro, ficam na posição ideal para decolar. Ao contrário das aves, os morcegos não podem decolar do chão. Suas asas não dão impulso suficiente para alçarem vôo de um ponto baixo, e as patas traseiras são tão pequenas e subdesenvolvidas que não conseguem correr para obter a velocidade necessária para a decolagem. Ao contrário, eles usam as garras dianteiras para subirem a um ponto elevado e, depois, alçam vôo. Ao dormirem de cabeça para baixo em um local alto, eles ficam prontos para alçar vôo se precisarem escapar do ninho.
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Foto cedida Georgia Museum of Natural History
O grande morcego marrom (Eptesicus fuscus) é uma das
espécies mais comuns na América do Norte e do Sul. Esses
morcegos vivem em grandes bandos, quase sempre em sótãos,
celeiros e outras estruturas construídas pelo homem.
Ficar pendurado de cabeça para baixo também é uma boa maneira de se proteger do perigo. Durante as horas em que a maioria dos predadores está ativa (sobretudo as aves de rapina), os morcegos se reúnem onde pouquíssimos animais pensariam em procurá-los e onde a maioria não consegue chegar. Na realidade, isso lhes permite desaparecer do mundo até que a noite caia novamente. Além disso, praticamente não há competição para esses locais de ninhos, pois outros animais voadores não conseguem ficar pendurados de cabeça para baixo.
Os morcegos têm uma adaptação fisiológica especial que lhes permite ficar pendurados assim. Para segurarmos um objeto, contraímos vários músculos do braço, que estão ligados aos dedos por tendões; quando um músculo contrai, ele puxa um tendão, que puxa um dos dedos, fechando-o. As garras de um morcego fecham do mesmo modo, mas seus tendões estão ligados apenas à parte superior do corpo, não a um músculo.
Para ficar de cabeça para baixo, o morcego voa até o local, abre as garras e encontra uma superfície para agarrar. Para que as garras se prendam à superfície, o morcego simplesmente relaxa o corpo. O peso da parte superior do corpo força os tendões que estão ligados às garras, fazendo com que se fechem. Visto que é a gravidade que mantém as garras fechadas, e não um músculo contraído, o morcego não gasta nenhuma energia para ficar pendurado de cabeça para baixo. Na verdade, o morcego continuará pendurado de cabeça para baixo caso morra nessa posição. Para se soltar da superfície que está segurando, o morcego flexiona outros músculos que abrem as garras.
A maioria das espécies de morcegos se esconde no mesmo lugar toda noite, reunindo um grande bando em busca de aconchego e segurança. Os morcegos são famosos pelos atos notáveis de altruísmo para defender o bando. Em alguns casos, quando um morcego está doente e não consegue caçar para se alimentar, outros do bando lhe trarão comida. Os cientistas não entendem completamente a dinâmica dos bandos de morcegos, mas não há dúvida de que são comunidades sociais complexas e integradas.
A exemplo de todos os mamíferos, os morcegos têm sangue quente, o que significa que eles mantêm a temperatura corporal internamente. Mas ao contrário da maioria dos mamíferos, os morcegos permitem que sua temperatura corporal caia até a temperatura ambiente quando não estão em atividade. Com a queda de sua temperatura, eles entram em um estado de torpor, em que seu metabolismo fica lento. Ao reduzirem a atividade biológica sem manterem uma temperatura corporal quente, os morcegos economizam energia. Isso é importante, porque voar a noite toda é uma tarefa árdua.
No inverno, quando as temperaturas ficam baixas durante meses, alguns morcegos entram em um estado de torpor mais profundo denominado hibernação. Isso lhes permite sobreviver durante os meses em que há escassez de alimentos. Outras espécies de morcegos seguem um padrão de migração anual, buscando climas mais frios nos meses quentes e climas mais quentes nos meses frios. É por isso que algumas regiões vivenciam “temporadas de morcegos” todo ano.
Quando os morcegos invadem as cidades, muitas pessoas ficam preocupadas à noite. A preocupação é de que os morcegos mordam, suguem sangue e até mesmo fiquem emaranhados no cabelo das pessoas. Mas, na verdade, todas essas ocorrências são raríssimas. Como veremos na próxima seção, os morcegos costumam ser inofensivos e muitas espécies são até benéficas para o homem.
Bem ou mal?
Muitas pessoas demonstram reação negativa aos morcegos, e é simples entender o motivo: graças a sua aparência e comportamento, os morcegos provocam medo no homem. Em primeiro lugar, eles só saem à noite, um período repleto de perigos e mistérios para os humanos. Além disso, suas asas com aparência de couro e estruturas faciais singulares lembram as expressões faciais de demônios e espíritos maléficos mitológicos.
Foto cedida Georgia Museum of Natural History
O Myotis grisescens é uma espécie de morcego encontrada
nos Estados Unidos. Esses morcegos vivem em grandes bandos,
sobretudo em cavernas. Isso os torna um alvo fácil para pessoas
que querem exterminá-los, porque são fáceis de encontrar e é
possível exterminar bandos inteiros de uma só vez. A população
do Myotis grisescens diminuiu muito nos últimos cem anos,>
mas agora está crescendo novamente graças aos esforços
governamentais para preservação da espécie.
As pessoas também têm medo de morcegos por causa da lenda do vampiro. Vampiros são uma mistura de realidade e ficção. De fato, há algumas espécies de morcegos-vampiros (três delas no Brasil), e eles se alimentam de sangue, mas não são caçadores sanguinários de seres humanos. Os morcegos-vampiros apenas picam um animal ou humano e pegam o sangue que sai do ferimento. Um potente anticoagulante na saliva do morcego impede a coagulação do sangue, por isso ele sai em um filete para que o morcego possa sugá-lo. Morcegos-vampiros só precisam de duas colheres de sopa de sangue por dia para sobreviver, por isso eles nunca consomem o suficiente para matar a presa, que em geral pertence ao grupo de grandes animais, como vacas e, às vezes, o homem.
Contudo, os morcegos-vampiros podem ser perigosos, porque às vezes são portadores de raiva e podem transmiti-la ao hospedeiro. Este tipo de morcego é encontrado apenas na América do Sul e Central, e mesmo nessas regiões o risco para o homem é mínimo. A probabilidade de morrermos com a picada de uma abelha ou ataque de um cão é muito maior do que com a mordida deste morcego.
Além de ser inofensiva para o homem, a maioria das espécies de morcegos é benéfica. Morcegos insetívorossão, de longe, os melhores exterminadores de pragas do planeta. O pequeno morcego marrom (Myotis lucifugus), uma das espécies mais comuns na América do Norte, pode capturar e comer até 1.200 mosquitos em uma hora. O famoso bando de morcegos mexicanos de cauda longa (Tadarida brasiliensis) que vive sob a ponte Congress Avenue em Austin, Texas, come até 16 mil quilos de insetos em uma só noite. Um bando dessa espécie em Bracken Cave, Texas, com mais de 20 milhões de morcegos, consome cerca de 200 toneladas de insetos em uma noite. Esses morcegos, e muitas outras espécies, alimentam-se de insetos que destroem lavouras, e prestam assim um enorme serviço aos agricultores.
Além disso, os morcegos são benéficos como polinizadores. Muitas espécies, sobretudo na floresta tropical, alimentam-se de néctar, reunindo pólen no corpo enquanto se alimentam. Ao voarem, espalham o pólen e ajudam a planta a disseminar suas sementes. Os morcegos são importantes polinizadores de muitas plantas usadas pelo homem, entre as quais bananas, figos, mangas, cajus e agave, que é usado para fazer tequila.Quando há um surto de raiva em determinada região, as pessoas costumam tomar medidas extremas e errôneas. Na América Central, onde os morcegos-vampiros podem ser um problema, os moradores procuram cavernas de morcegos e as explodem, eliminando bandos inteiros. Mas os morcegos mais fáceis de encontrar são os benéficos – morcegos-vampiros vivem em pequenos grupos e se escondem muito bem. Considerando-se que apenas um desses bandos inofensivos pode conter milhões de morcegos insetívoros, esse tipo de destruição é uma perda devastadora para o ambiente.
Foto cedida Georgia Museum of Natural History
O Lasiurus cinereus, um dos maiores morcegos da América, é
também um dos que tem maior diversidade geográfica. Esses morcegos
migram até o Chile e os territórios do noroeste do Canadá.
Uma das maneiras mais estranhas de os morcegos nos ajudarem é com seus excrementos. Fezes de morcegos, denominadas guano, são ricas em nitrogênio, o que as transforma em um potente fertilizante agrícola. No passado, as pessoas também usavam esse nitrogênio para fazer explosivos. Mais recentemente, os cientistas descobriram que várias enzimas encontradas no guano de morcegos funcionam bem como agentes de limpeza em detergente para lavar roupa e outros produtos.
Os morcegos são extremamente susceptíveis à extinção por causa de seus hábitos reprodutivos. A maioria das espécies de morcego gera apenas um filhote por ano, por isso eles se multiplicam em ritmo relativamente lento. Visto que os morcegos têm uma expectativa de vida longa (até 30 anos em algumas espécies), a perda de uma fêmea tem grande impacto sobre o índice de reprodução.
Os morcegos são alguns dos animais mais interessantes da Terra. Eles são tão bem adaptados ao seu meio que sobrevivem há mais de 50 milhões de anos, mais do que a maioria dos outros animais modernos.