Descrição e biologia
A espécie Achatina fulica (Família Achatinidae) também chamada de caracol africano, caracol gigante, rainha da África ou acatina, é nativa do leste e nordeste da África e foi introduzido no Brasil por volta de 1988, no Paraná, por criadores de escargot (Helix aspersa). As razões para esse investimento são: a reprodução intensa, crescimento rápido e o fornecimento de mais carne que o escargot verdadeiro. Porém os consumidores não apreciaram o sabor, a textura e o aspecto da carne. Os criadores, sem ter o que fazer com esses caramujos e ainda tendo gastos para manutenção dos mesmos, começaram a descartar esses caramujos de maneira inadequada, soltando-os em rios, matas, terrenos baldios ou mesmo no lixo. O descarte inadequado dos caramujos e suas características reprodutivas e adaptativas foram as causas da inclusão desse molusco na lista de pragas urbanas e agrícolas do Brasil.
Filo: Mollusca
Classe: Gastropoda
Ordem: Stylommatophora
Ciclo de vida
São hermafroditas (possuem os 2 sexos), porém sua reprodução é cruzada, ou seja, precisa de outro caramujo para a reprodução. Atingem a maturidade sexual entre 4 e 5 meses, efetuando 4 posturas por ano e 180 a 600 ovos por postura.
Danos Causados
Esses caramujos são considerados internacionalmente como uma das 100 espécies invasoras mais perigosas e no Brasil, uma das 5 espécies que mais apresentam perigo ao meio ambiente. Podem causar diversos danos, atacando plantações de diversas espécies e plantas ornamentais. Além disso, podem transmitir o verme Angiostrongylus cantonensis. Este verme causa a angiostrongilíase meningoencefálica, que poucas vezes é fatal, porém pode ocasionar sintomas, como dores abdominais, que podem perdurar por vários meses, além de lesões oculares irreversíveis. O contágio do homem ocorre pela ingestão de larvas do verme que ficam no muco produzido pelo caramujo enquanto caminha por verduras, legumes e frutas.
Outro problema ocasionado por caramujos é a esquistossomose, doença causada por um verme (trematódeo) denominado Schistosoma mansoni. Neste caso outro gênero de caramujo, Biomphalaria, que vive na água-doce, é hospedeiro intermediário e o verme passa para o homem quando este banha-se em córregos, riachos, valas alargadas, brejos, açudes, represas lagos e lagoas, onde haja pouca correnteza, infestados pelos caramujos contaminados.
Prevenção
- Não deixe restos de folhas ou outro tipo de matéria orgânica no jardim. Estes servem de abrigo e mesmo de alimento para as lesmas e caracóis;
- Algumas plantas repelem lesmas e caracóis. Plante ao redor do jardim uma ou mais das seguintes plantas: uva, repolho roxo, girassol, gerânio, abóbora, alho ou menta.
Métodos de controle
É praticamente impossível erradicar uma espécie invasora após seu estabelecimento. Assim, deve-se aplicar medidas que reduzam sua população e limite sua proliferação. As medidas existentes para controle do caramujo africano são:
• Fazer a coleta dos caramujos e conchas vazias, sempre utilizando luvas descartáveis e nunca tendo contato direto com o animal;
• Os animais e conchas coletadas devem ser jogados em valas com 1,5 m de profundidade. Ali, eles devem ser macerados ou incinerados, polvilhados com cal virgem e, posteriormente, enterrados;
• Não deixar entulhos e lixo no quintal ou terrenos, visando evitar a proliferação desses animais.
Essas medidas devem ser adotadas constantemente, pois devemos lembrar que esses moluscos reproduzem-se intensamente durante todo o ano. Tem sido veiculada a orientação de se colocar sal grosso no solo, porém essa informação e totalmente equivocada. NÃO se deve colocar sal no solo, pois essa medida provoca a salinização do solo, tornando-o impróprio ao plantio. São utilizadas iscas granuladas para o controle.
A utilização do MIP é recomendada para melhores resultados.