Estamos no verão. Sua família e amigos desfrutam alguns aperitivos no quintal da casa, tomam sol enquanto alguém prepara um churrasco. Ai! seu braço acaba de ser ferroado por um mosquito. Momentos depois, mais uma picada. Que insetos incômodos são esses? Por que eles picam? Será que transmitem doenças? O que podemos fazer para nos proteger?

Veremos detalhes sobre os mosquitos, examinaremos como eles procriam e picam, quais as doenças que podem nos trazer e o que poderemos fazer para controlá-los.

Olhando de perto

Os mosquitos são insetos que existem há mais de trinta milhões de anos. Tudo indica que ao longo desses anos os mosquitos se dedicaram a aperfeiçoar suas habilidades ao ponto de serem agora especialistas em encontrar pessoas para picar. Um mosquito tem uma verdadeira bateria de sensores projetados para rastrear a presa, como:

  • sensores químicos – os mosquitos são sensíveis ao dióxido de carbono e ao ácido láctico a uma distância de 36 metros. Os mamíferos e pássaros liberam esses gases como parte do processo normal de respiração. Certos produtos químicos no suor também atraem os mosquitos (as pessoas que não transpiram muito não recebem tantas picadas);
  • sensores visuais – se as roupas contrastarem com o ambiente e, principalmente, se os mosquitos perceberem movimentos associados à roupa, as picadas são certas. Eles apostam que qualquer movimento é sinal de “vida”, com bastante sangue disponível no local em que ele ocorre;
  • sensores de calor – mosquitos podem detectar o calor e encontrar mamíferos e pássaros de sangue quente com muita facilidade à curta distância.

Assim como o de todos os insetos, o corpo de um mosquito adulto é composto de três partes:

  • cabeça – onde estão todos os sensores, juntos com o aparato para as picadas. A cabeça tem dois olhos compostos, uma antena para detecção de produtos químicos e as partes da boca, chamadas palpos e a tromba (somente as fêmeas têm trombas, ou proboscis, para picar);
  • tórax – segmento onde se encontram fixadas as duas asas e as seis pernas. Contém os músculos de voo, o coraçãocomposto, alguns gânglios de células nervosas e traquíolas;
  • abdômen – este segmento contém os órgãos digestivos e excretores.

O pacote é de um projeto perfeito: integra sensores, motor e processamento do combustível.

Existem mais de 2.700 espécies de mosquitos no mundo e 13 gêneros nos Estados Unidos. A maioria dos mosquitos pertence a três desses gêneros:

  • Aedes – algumas vezes chamado de mosquitos de “enchentes”, porque a enchente favorece a incubação dos ovos. Os mosquitos Aedes têm abdomens com pontas salientes. São exemplos o mosquito da febre amarela (Aedes aegypti) e o mosquito tigre asiático (Aedes albopictus). Voadores resistentes, são capazes de viajar a grandes distâncias (deslocamentos de até 120km) de seus viveiros. Eles persistentemente picam mamíferos (especialmente os seres humanos), principalmente de madrugada e no início da tarde. As picadas são dolorosas;
  • Anoféles – tendem a procriar em corpos permanentes de água doce. Os mosquitos anoféles também têm abdomens com pontas salientes. Incluem diversas espécies, tais como a do mosquito comum da malária (anopheles quadrimaculatus), que pode transmitir a malária aos seres humanos;
  • Culex – tendem a procriar em corpos tranqüilos de água parada. Os mosquitos culex têm abdomens sem pontas salientes. Incluem diversas espécies como a que mais existe na América do Norte, o (em inglês) “northern house mosquito” (Culex pipiens). Voam pouco e tendem a viver poucas semanas, apenas durante os meses de verão. Persistentemente picam (preferem mais os pássaros do que os seres humanos) e atacam na alvorada ou depois do crepúsculo. As picadas são dolorosas.

Alguns mosquitos, como os mosquitos tifa (Coquilettidia perturbans), têm sido mais prevalentes à medida que os homens invadem seus habitats.

Ciclo de vida e de procriação

Como todos insetos, os mosquitos são incubados em ovos e passam por diversos estágios antes de atingirem a vida adulta. As fêmeas depositam seus ovos na água, os estágios de larva e pupa (ou crisálida), são inteiramente aquáticos. A pupa, quando alcança o desenvolvimento adulto, deixa a água e transforma-se em um inseto voador terrestre. O ciclo de vida de um mosquito pode variar desde uma até várias semanas, dependendo da espécie a que pertença (as fêmeas adultas acasaladas de algumas espécies podem sobreviver durante o inverno em lugares frios e úmidos até a primavera, quando então depositam seus ovos na água e morrem).

Ovos

Os mosquitos botam ovos na água, seja nas grandes massas de água ou na água parada das piscinas e áreas de acumulação onde a água acabará estagnada (buracos de árvores e sarjetas). As fêmeas põem ovos na superfície da água, exceto os mosquitos Aedes, que botam seus ovos acima da água e em áreas protegidas – que acabam sendo inundadas. Os ovos podem ser postos de um em um, ou em quantidade, quando então formam uma balsa flutuante de ovos de mosquito. A maioria dos ovos sobrevivem ao inverno e têm a casca rompida na primavera.


Pupa

Dos ovos de mosquito saem larvas ou “pupas“, que vivem na superfície da água e respiram através de um tubo de ar ou sifão. As larvas filtram o material orgânico através de partes da boca e crescem até cerca de 1 ou 2 cm mudando a pele enquanto crescem (trocam) várias vezes. As larvas do mosquito podem nadar e mergulhar quando perturbadas. As larvas vivem vários dias ou até semanas, dependendo da temperatura da água e das espécies de mosquito.

Fase adulta depois da quarta troca as larvas dos mosquitos se transformam em pupas ou “crisálidas“, que vivem na água de um a quatro dias, dependendo da temperatura da água e da espécie do mosquito. A pupa flutua na superfície e respira por dois tubos pequenos. Apesar de não comerem, as larvas são bastante ativas. No final do estágio pupal a pupa encerra a si própria para se transformar em mosquito adulto.

Dentro do casulo pupal, a pupa se transforma em organismo adulto. O mosquito adulto usa a pressão do ar para romper o casulo pupal, rasteja para uma área protegida e fica repousando enquanto seu esqueleto se solidifica, estendendo as asas para que sequem. Uma vez terminada esta operação, o mosquito pode voar e viver fora da água.

Uma das primeiras coisas que os mosquitos adultos fazem é procurar companhia, acasalar-se e se alimentarem. Os mosquitos machos têm as partes da boca pequenas e alimentam-se do néctar das plantas. Por outro lado, as fêmeas têm uma tromba comprida que usam para picar animais e seres humanos quando retiram sangue para se alimentarem (o sangue fornece as proteínas que as fêmeas precisam para botarem seus ovos). Depois de alimentadas, as fêmeas põem seus ovos (cada nova desova exige uma refeição de sangue). As fêmeas continuam esse ciclo e vivem muitos dias ou até semanas (mais no inverno), ao passo que os machos vivem apenas poucos dias depois de acasalarem. Os ciclos de vida dos mosquitos variam com as espécies e com as condições ambientais.

Picadas, doenças e proteção

Como mencionado anteriormente, só os mosquitos fêmeas picam. Elas são atraídas por várias coisas, incluindo calor, luz, transpiração, odor corporal, ácido láctico e dióxido de carbono. A fêmea pousa na pele e perfura-a com a tromba (a tromba é muito afiada e fina, a picada pode passar despercebida). A saliva da fêmea contém proteínas (anticoagulantes) que evitam a coagulação do sangue. Ela suga o sangue que vai parar no abdômen (cerca de 5 microlitros por refeição para um mosquito Aedes aegypti).

Depois da picada o mosquito deixa um pouco de saliva na ferida. As proteínas da saliva evocam uma resposta imunológia do corpo. A área picada incha criando uma pústula e o inchaço no seu entorno coça como reação à saliva. Depois de algum tempo o inchamento desaparece mas a coceira continua até que as células de imunidade decomponham as proteínas da saliva.Se ela for perturbada, alça vôo e escapa. Caso contrário ela fica até encher o abdômen completamente. Se cortássemos o nervo que a faz sentir o abdômen, ela continuaria sugando até arrebentar.

Para tratar picadas de mosquito, lave a picada com sabão suave e água. Procure não arranhar a área picada, por mais que ela coce. Alguns remédios contra coceira podem dar alívio como loções de calamina ou cremes de cortisona vendidos mesmo sem receita em farmácias. De uma forma geral as picadas dispensam assistência médica (salvo se houver tonteira ou náusea, sinais de forte reação alérgica).

Doenças

a malária – causada pelo mosquito anféles. O parasita cresce na corrente sanguínea e causa sintomas dentro de seis a oito dias, ou mesmo após vários meses depois de contraída a infecção. Os sintomas incluem febre, calafrios dores de cabeça e mal estar generalizado (semelhante aos sintomas da gripe). A malária é uma doença grave que pode ser fatal, mas pode ser tratada com drogas antimalária. Ela ocorre com maior freqüência nos climas tropicais e subtropicais;Os mosquitos podem veicular muitos tipos de doenças causadas por bactérias, parasitas ou vírus. Dentre essas doenças podem ser lembradas:

  • febre amarela – a febre amarela, prevalente na África e transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, não existe nos Estados Unidos. Seus sintomas são semelhantes aos da malária, mas incluem náuseas, vômitos e icterícia. Assim como a malária, a febre amarela também pode ser fatal. Não existe tratamento para a doença propriamente dita, somente alívio dos sintomas. A febre amarela pode ser controlada pela vacinação e pelo controle do mosquito;
  • encefalite – é transmitida por vírus através de mosquitos como o Aedes ou o Culiseta. Os sintomas da encefalite são febre alta, rigidez no pecoço, dor de cabeça, confusão, indolência e sonolência. Existem vários tipos de encefalite que podem ser transmitidos por mosquitos, denominadas St. Louis, equina ocidental, equina oriental, La Crosse e oeste do Nilo. A encefalite oeste do Nilo, em ascensão no leste dos Estados Unidos, tem causado preocupações quanto à eficácia das medidas de controle dos mosquitos;
  • a febre da DENGUE – é transmitida pelo mosquito tigre asiático, nativo do leste da Ásia, tendo aparecido nos Estados Unidos em 1985. Também é transmitida pelo Aedes aegypti nos trópicos. A dengue é causada por um vírus responsável por causar diversas doenças, desde a gripe viral à febre hemorrágica. É especialmente perigosa para as crianças.

As melhores formas para reduzir a incidência de doenças transmitidas por mosquitos é o seu controle e a adoção de medidas de proteção pessoal. Algumas medidas podem ser tomadas para reduzir a quantidade de picadas enquanto estamos ao ar livre. Em primeiro lugar, use roupas que cubram a maior parte do corpo, caso não esteja fazendo muito calor. Em segundo, passe um repelente de mosquitos que contenha N,N-dietil-meta-toluamida (DEET), na concentração de 7,5% a 100%. As concentrações mais baixas são suficientes para a maior parte da proteção ao ar livre e 15% é a concentração recomendada para crianças. O Permetrin, um pesticida eficaz, deve ser usado apenas nas roupas. Nunca o aplique na pele, trata-se de uma neurotoxina.

Além dos repelentes de mosquitos e das roupas, pode-se tentar o controle sobre a população dos mosquitos. Os mosquitos precisam de água para procriar e fazem uso da água parada onde quer que ela esteja.

Para evitar que os mosquitos entrem em casa, assegure-se da integridade das telas nas janelas.Caso exista um laguinho no seu jardim, ponha nele alguns peixes para que eles comam as larvas dos mosquitos. Alguns derivados de petróleo podem ser postos na água para formar uma superfície fina que sufocaria os ovos dos mosquitos. Entretanto, muitos produtos deste tipo também impediriam os peixes de respirar.Portanto, para reduzir a população de mosquitos, elimine a água parada em seu quintal. Esvazie latas de água, remova pneus velhos e cubra os tambores de coleta de água de chuva.

Finalmente, existem muitos pesticidas comerciais para matar larvas de mosquitos e mosquitos adultos. Muitas comunidades promovem grandes campanhas durante os meses de primavera e verão de aspersão de pesticidas visando o controle das populações de mosquitos, especialmente tentando reduzir focos da encefalite do Nilo.

Mitos

Vários produtos naturais ou fabricados têm sido recomendados como repelentes de mosquitos ou tem fama de serem eficazes para o controle de mosquitos. O óleo de citronela, extraído de várias plantas e que pode ser usado em velas ou ser queimado diretamente, é um repelente eficaz de mosquitos em altas concentrações, mas a produção individual das plantas capazes de produzir este óleo é insuficiente para repelir mosquitos com eficácia. Os raios ultravioletas e os aparelhos ultra-sônicos não são eficazes. Os mosquitos não ocupam lugar importante na dieta das andorinhas ou dos morcegos.

Mosquitos